Imagine uma criança que ganha um brinquedo novo, inédito, com o qual ela não sabe brincar. Então ela toma em suas mãos o manual mas... essa criança ainda não sabe ler.
Assim sou eu: na prática eu não sei nenhuma das minhas teorias.
26 de fevereiro de 2013
13 de fevereiro de 2013
A Epifania Canina
Eu cheguei e ele estava lá...
Estava deitado, olhando à frente, atento a qualquer mero sinal que pudesse lhe dizer
“olha, tem gente aqui!”
Cheguei em torno de uma da manhã
do aniversário de um amigo e, ao me aproximar de casa, vi o Tor, meu filho mais
velho, trancado para de fora do portão. Obviamente por engano, meu pai fechou-o
no momento em que ele saia para dar a sua costumeira volta noturna.
Logo ao me reconhecer, entregou-se à uma euforia sem fim! Latiu, chorou, pulou; enfim, papai chegara
E assim, logo que abri o portão
(lógico, depois de afagar loucamente seu “pé do ouvido”) ele adentrou à nossa
casa efusivo e disparado e se pôs a esperar-me na porta. Quando eu a abri foi
notável a sua reação: Tor foi desesperadamente procurar meus pais, se certificar
que eles ainda estavam lá, que ainda eram sua família, que tudo não passava de
um mal entendido, e, então, só depois se dirigiu pomposamente à sua casinha.
Me coloquei a pensar nisso aqui e
algumas cenas/situações vieram à minha mente:
Na vida quantas vezes nossos
cotidianos são interrompidos por situações adversas, que desmoronam nossa força,
mudam bruscamente nosso caminho, alteram nossa rota, e tudo isso sem pedir
licença alguma?. E pá e bum! Quando vemos já tá tudo às avessas...
E, infelizmente, não temos a
mesma sorte do Tor! Não dá pra ir correndo à frente e descobrir que é tudo um
mal entendido, que não é possível sentar no portão e esperar o alguém que vai
mudar subitamente nossa realidade.
Alguns de nós ainda esperamos no
portão todas as vezes que somos traídos por quem menos esperamos; quando o
nosso amor vira dor, de repente; quando uma flor morre. Quantas mães ainda
esperam no portão quando seus filhos se vão; quantos filhos não esperam seus
pais que, mesmo vivos, não lhes dão amor. Quantos no portão não passam fome e
frio, não são injustiçados e incompreendidos, e esperam quem lhes vai abri-lo,
rompendo, então, com seus medos, incertezas e carências.
Algo tinha de brotar disso
tudo... e a minha indagação, então, é: quantas outras vezes eu posso abrir o
portão? Quais outros momentos eu posso romper com barreiras em vez de
mantê-las? Aonde mais eu posso levar a certeza pra o ocupar lugar da dúvida?
E foi isso que a fidelidade do
Tor me ensinou hoje. Depois dizem que cachorro não fala...
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