7 de agosto de 2013
Incertezas certas
Ficamos nós na espreita
na borda de um amor
que quase acontece,
que quase ama.
Ficamos entre
o vinho branco e o tinto,
entre a rosa e o espinho,
entre o teu amor e o meu caminho.
Entre esquerda e direita,
sai tu pela tangente.
Entre isso e aquilo,
nada. Absolutamente.
Entre o meu saber
se te amo ou não,
eu fico com a certeza
de que não me amo.
2 de agosto de 2013
A falta que nada faz
Eu acho sonho
que sinto
que sei.
Mas no fundo é nada.
Um nada completo de tudo,
assim como nuvem
que se passa por algodão.
Os ponteiros giram às avessas,
o tempo passa voltando
naqueles lugares escuros e claros
de um passado colorido,
no qual nossas formas disformes
encaixaram-se.
O tempo acelera
e freamos freneticamente:
é frívolo!
A colisão é inevitável.
O que há de ser dos nossos destroços?
Ah, como quisera eu
ter-te dito tudo que me engasga,
tudo aquilo que furtei-me de dizer,
por medo de me equivocar
na morfologia e na sintaxe.
Ter-te lançado todos os objetos,
diretos e indiretos.
Eu acho que esse nada,
no fundo, é tudo que sinto e sei.
Só não mais sei
se sonhei.
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